Eu sussurro baixinho ao seu lado. Você me pede desculpa, e
diz que não entende. Tudo bem, eu também não me entendo na maioria das vezes.
Eu tenho tanto medo de encontrar o amor, e acabar perdendo como fiz com todas
as possibilidades de amor que já tive. Eu tenho tanto medo que acabo matando o
amor, mandando ele embora, analisando tanto que o amor desiste de mim. Eu falo
que não ligo, e choro já sabendo que vai passar. Mas bem no fundo, dentro do dentro de mim,
prendo a respiração.
Eu expulso o amor antes que ele chegue, porque eu não sei se
vai dar pra eu viver quando ele for embora. Eu grito bem alto que não preciso
do amor, que é pra ver se o amor escuta e vem me provar que eu to errada. Eu
jogo na cara do amor o quanto ele é ruim, o quanto ele faz sofrer, só pra não
ouvir ele me dizer que eu também quero o amor. O amor é o mar, e eu tenho tanto
medo de Tsunami, que abro mão de viver na praia, só pra ficar segura.
Você não me diz nada. Você aprendeu que precisa me amar bem
baixinho, porque é o único jeito que eu sei ser amada. Eu já sou adulta, tenho
meu trabalho, atravesso a cidade dirigindo o meu carro e pago quase todas as
contas pelo internet banking, mas com o amor eu ainda tenho 10 anos de idade e
brinco de esconde-esconde. Eu nunca soube permanecer se o amor se demonstrasse
muito presente. Eu só soube amar quando o amor foi embora. Teu jeito de me
dizer que vai ficar tudo bem é não indo embora. Você sabe que se fosse embora
eu ia aprender a te amar, mas espera eu estar pronta pra ficar com você.
Eu tento outra vez. Sussurro baixinho ao seu lado: me dá a
mão. Promete pra mim, vai dar tudo certo. Me diz que eu não preciso mais ter
medo. Eu não sei se você me entendeu,
mas sua mão pega a minha com força. Entrelaçamos os dedos, e o mundo
fica em silencio. Tudo que escuto é o som da sua respiração. E o amor fala
comigo.
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