quarta-feira, 10 de outubro de 2012


         Era uma vez um Príncipe Encantado, que eu conheci por acaso. Como não existe acaso em conto de fadas, o Príncipe Encantado não pôde ficar.  E eu, que nunca soube parar nenhuma história na metade, resolvo que tenho que dizer adeus pro Príncipe Encantado.
       E quando eu percebo que não tem final feliz com beijo no final,  perco a pose de quem não acredita mais nessas bobagens, e choro na frente dele. E ele me abraça e seca minhas lágrimas, e pede, por favor, pra eu não ser boba. Eu não consigo, eu respondo. Eu sou assim, boba.
       Ele ri, e brinca com meu cabelo. O mundo caindo à minha volta, e ele ali, firme como rocha, interessado no meu cabelo e de que forma ele pode ser usado pra me fazer rir. Ele escolhe usa-lo pra fazer um bigode. Dá certo. Eu começo a rir, e mando ele parar de ser tão legal. Estamos nos despedindo pra sempre, Príncipe - facilite as coisas e me deixe com raiva de você! Ele então começa a me beliscar, numa tentativa fracassada e terrivelmente fofa de parar de ser legal. Me dói 3 vezes mais, porque é exatamente disso que sei que vou sentir mais falta. Desse jeito esforçado, lindo e totalmente ineficaz de me irritar. Explico a ele esse detalhe. O príncipe então desiste de tentar me irritar.
    Peço pra ele não me esquecer, aquela garota que quis tanto ser a princesa dele. Ele diz que não vai. Por garantia, dou a ele uma almofada do Darth Vader de presente. O Príncipe gosta de Star Wars. Minhas amigas nunca conheceram o Príncipe mas gostam dele mesmo assim. Todas as meninas de bom coração sabem reconhecer um Príncipe Encantado.
     Nos despedimos com o abraço mais forte de todos. O Príncipe não me ama, mas faz questão de mostrar o quanto gosta de mim. Ele vira a esquina dentro do carro preto que substitui à altura o cavalo branco, e meu castelo volta a ser só minha casa.  Meu quarto já não fica na torre mais alta e minha cama não tem dossel. O meu conto de fadas acabou, mas o perfume do príncipe ficou na minha roupa pra eu lembrar que foi real.
 Adeus Príncipe Encantado, promete que vai lembrar de mim, mesmo quando estiver vivendo o seu “Felizes Para Sempre”? 

tsunami


       Eu sussurro baixinho ao seu lado. Você me pede desculpa, e diz que não entende. Tudo bem, eu também não me entendo na maioria das vezes. Eu tenho tanto medo de encontrar o amor, e acabar perdendo como fiz com todas as possibilidades de amor que já tive. Eu tenho tanto medo que acabo matando o amor, mandando ele embora, analisando tanto que o amor desiste de mim. Eu falo que não ligo, e choro já sabendo que vai passar.  Mas bem no fundo, dentro do dentro de mim, prendo a respiração. 
      Eu expulso o amor antes que ele chegue, porque eu não sei se vai dar pra eu viver quando ele for embora. Eu grito bem alto que não preciso do amor, que é pra ver se o amor escuta e vem me provar que eu to errada. Eu jogo na cara do amor o quanto ele é ruim, o quanto ele faz sofrer, só pra não ouvir ele me dizer que eu também quero o amor. O amor é o mar, e eu tenho tanto medo de Tsunami, que abro mão de viver na praia, só pra ficar segura.
       Você não me diz nada. Você aprendeu que precisa me amar bem baixinho, porque é o único jeito que eu sei ser amada. Eu já sou adulta, tenho meu trabalho, atravesso a cidade dirigindo o meu carro e pago quase todas as contas pelo internet banking, mas com o amor eu ainda tenho 10 anos de idade e brinco de esconde-esconde. Eu nunca soube permanecer se o amor se demonstrasse muito presente. Eu só soube amar quando o amor foi embora. Teu jeito de me dizer que vai ficar tudo bem é não indo embora. Você sabe que se fosse embora eu ia aprender a te amar, mas espera eu estar pronta pra ficar com você.
      Eu tento outra vez. Sussurro baixinho ao seu lado: me dá a mão. Promete pra mim, vai dar tudo certo. Me diz que eu não preciso mais ter medo. Eu não sei se você me entendeu,  mas sua mão pega a minha com força. Entrelaçamos os dedos, e o mundo fica em silencio. Tudo que escuto é o som da sua respiração. E o amor fala comigo. 

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Ao som de "I already miss you"


Quando você me perguntou o que era, eu te disse que não sabia explicar. Só era, e se você se visse através dos meus olhos, ia entender. Agora, que tudo se encontra tão irremediavelmente desfeito, e eu preciso parar de repassar mentalmente nossa despedida, vou tentar explicar o que era. O que ainda é.
Era o beijo na testa durante o filme quando eu me mexia pra mais perto de você, quase que desafiando as leis da física, vendo se era mesmo impossível que nossos dois corpos ocupassem o mesmo espaço. Eram os seus milhões de pen-drives que separavam as musicas por grupos que só faziam sentido pra você mesmo, pra você poder escolher um e colocar no “random” do radio do seu carro. Era aquela trufa de maracujá no sofá da sua sala que você comeu rápido demais pra poder terminar de comer a minha. Era o abraço de um milhão de anos no dia que nos conhecemos.  Era o cobertor com mangas e aquela nossa risada tão boba.  Era a mensagem que não tinha  nada além de uma carinha sorrindo.  Era a sopa com muito queijo.
 Era você com a sua cachorrinha no colo e mais nada. Era você abrindo a porta do carro pra mim no nosso primeiro encontro.  Era você, tão homem, mas tão inseguro antes de decidir se me dava um beijo. Era você estacionando o carro e pegando o skate no banco de trás. Era você brincando de me beliscar o caminho todo até o cinema.
Era a sua barba de uma vez no ano. Era o filme surpresa. Era como a minha mão ficava pequena dentro da sua. Era eu deitada na sua frente. Era sua calma de homem feito. Era a sua inveja do meu copo do homem-aranha. Eram as suas piadas sobre o meu trabalho.  Era o abraço na fila pra pagar o estacionamento.  Era a gente em silencio e em paz e bem.
É o meu coração disparando toda vez que começa a tocar Bad to the Bone. É tanto de você em quase tudo de mim, e tão pouco tempo.  E agora é tudo o que eu não queria que fosse. Um mês, um milhão de possibilidades, e o meu coração partido. É “só” passado, e o seu cheiro vindo de não sei onde, me pegando de surpresa, só pra  eu ser invadida de tudo-o-que-não-pode-mais-ser você.  

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