segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Ao som de "I already miss you"


Quando você me perguntou o que era, eu te disse que não sabia explicar. Só era, e se você se visse através dos meus olhos, ia entender. Agora, que tudo se encontra tão irremediavelmente desfeito, e eu preciso parar de repassar mentalmente nossa despedida, vou tentar explicar o que era. O que ainda é.
Era o beijo na testa durante o filme quando eu me mexia pra mais perto de você, quase que desafiando as leis da física, vendo se era mesmo impossível que nossos dois corpos ocupassem o mesmo espaço. Eram os seus milhões de pen-drives que separavam as musicas por grupos que só faziam sentido pra você mesmo, pra você poder escolher um e colocar no “random” do radio do seu carro. Era aquela trufa de maracujá no sofá da sua sala que você comeu rápido demais pra poder terminar de comer a minha. Era o abraço de um milhão de anos no dia que nos conhecemos.  Era o cobertor com mangas e aquela nossa risada tão boba.  Era a mensagem que não tinha  nada além de uma carinha sorrindo.  Era a sopa com muito queijo.
 Era você com a sua cachorrinha no colo e mais nada. Era você abrindo a porta do carro pra mim no nosso primeiro encontro.  Era você, tão homem, mas tão inseguro antes de decidir se me dava um beijo. Era você estacionando o carro e pegando o skate no banco de trás. Era você brincando de me beliscar o caminho todo até o cinema.
Era a sua barba de uma vez no ano. Era o filme surpresa. Era como a minha mão ficava pequena dentro da sua. Era eu deitada na sua frente. Era sua calma de homem feito. Era a sua inveja do meu copo do homem-aranha. Eram as suas piadas sobre o meu trabalho.  Era o abraço na fila pra pagar o estacionamento.  Era a gente em silencio e em paz e bem.
É o meu coração disparando toda vez que começa a tocar Bad to the Bone. É tanto de você em quase tudo de mim, e tão pouco tempo.  E agora é tudo o que eu não queria que fosse. Um mês, um milhão de possibilidades, e o meu coração partido. É “só” passado, e o seu cheiro vindo de não sei onde, me pegando de surpresa, só pra  eu ser invadida de tudo-o-que-não-pode-mais-ser você.  

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Estudante, estagiária, e leitora nas horas vagas.

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